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A concepção da matéria de Martinez de Pasqually 1

e no Regime Escocês Retificado – Parte 1

Como introdução, gostaria de lembrar que o objetivo deste exercício é resumir um artigo publicado na Revue Renaissance Traditionnelle. Ou seja, tentar respeitar ao máximo o pensamento do autor. Portanto, procurei evitar ao máximo as influências de outros autores renomados que escreveram sobre o assunto, citando as palavras usadas em vez de algumas que estamos acostumados a utilizar. Como exemplo básico, destaco a ortografia de Martinez com um Z, em oposição ao S final que estamos habituados a escrever. Esta tese será desenvolvida em 3 arquivos distintos para facilitar a sua leitura, assim como uma possível apresentação em loja Retificada no tempo de estudos.

I. Introdução

O autor propõe-se a trabalhar sobre um dos aspectos do Martinezismo e, portanto, do Regime Escocês Retificado: a matéria. As bases deste estudo são representadas por três obras principais:

O Tratado da Reintegração dos Seres.

As Conferências dos Eleitos Coëns (de Antoine Faivre, publicado em 1975 pela Edições Baucens).

A instrução secreta dos Grandes Professos, publicada por René Le Forestier em “A Maçonaria Ocultista e Templária no Século XVIII”.

Finalmente, muitas referências são feitas ao “Quadro Universal” dos Eleitos Coëns, o qual será representado em um dos próximos resumos do CepdoRER.

II. O Lugar do Mundo Material na Doutrina de Martinez

Como alguns sabem, em Martinez de Pasqually, para que haja criação de matéria, deve haver prevaricação, ou seja, queda dos primeiros espíritos. É importante notar que esta ou estas quedas não estavam de forma alguma nos “planos” Divinos originais. Além disso, após a primeira queda dos espíritos rebeldes, estes não foram incorporados, mas simplesmente aprisionados, em “limites espaciais”, como diz o autor, e que encontramos no Quadro Universal, como veremos adiante. Este Quadro, além da Imensidade Divina, mostra 3 divisões principais:

A Imensidade Supra Celeste.

A Imensidade Celeste.

A Imensidade Terrestre.

Nas duas primeiras estão aprisionados os espíritos prevaricadores, e a terceira é considerada como o mundo da matéria.

Assim, quando o homem cai, seu destino, o de Adão, será diferente do dos “demônios originais”, pois sua “sanção” desta vez será a incorporação, por ter desejado criar. Na verdade, tendo desejado “fabricar” um corpo glorioso à semelhança do Divino, ele apenas conseguiu criar um corpo de matéria. Isso tem como consequência principal que, ao se tornar prisão, o universo assim criado também se torna o local do drama da Reintegração. Esta Reintegração, como mostra o Tratado, está ligada a uma classe de espíritos ligados ao Cristo.

No conceito dualista de Martinez, a matéria não é má, pois não é diretamente criada por Deus, embora o seja por seus agentes. Ele deixa a paternidade da criação universal à Divindade, apesar de os espíritos perversos terem tentado convencer o homem, e afirma que o mal, ao contrário, é a prerrogativa desses espíritos espirituais que, livres, prevaricaram muito antes da noção de matéria.

No entanto, é claro que, desde a sua criação, ou melhor, incorporação, a matéria serve aos demônios tentadores do homem. Na verdade, essa noção Martinezista dualista do mal e da matéria, neste ponto pelo menos, está em conformidade com a doutrina da Igreja Católica.

III. Natureza da matéria: As essências espirituais

Na medida em que as formas corpóreas materiais, ao contrário dos primeiros espíritos, não pré existem em Deus, Martinez afirmará regularmente que a matéria tem apenas uma realidade aparente. Assim, vamos ilustrar o vocabulário de Martinez de Pasqually, no qual ele diferencia os seres espirituais “emanados” dos seres corpóreos “criados”.

A emanação consiste em conferir aos espíritos espirituais possibilidades de pensamento e ação próprias, em sua existência no seio da Divindade. É importante notar que é precisamente porque fazem parte integrante da Divindade que a Divindade não pode destruí-los.

Por outro lado, os seres corpóreos são criados apenas com uma duração de existência limitada, através das “3 essências espirituais” ainda chamadas “princípios espirituais” ou “substâncias espirituais”. É a natureza composta das formas materiais que induz inevitavelmente a sua dissolução.

IV. Representação simbólica e estrutura da matéria: Princípio e elementos

Segundo Martinez, a terra é triangular… Por exemplo, após o assassinato de Abel, restam apenas três pessoas: Adão, Caim e Sete, que dividem a terra em três partes, cada um em uma das extremidades dessa terra. O oeste para Adão, o sul para Caim e o norte para Sete ( relacione com as viagens da recepção de aprendiz – nota CEPdoRER). Os três pontos cardeais são chamados de “três horizontes notáveis”. Destaco aqui que o meio-dia corresponde à direita e o sul à esquerda. Este triângulo terrestre é, para Martinez, a figura exata do Templo geral terrestre, é equilátero com a ponta para baixo e formado pelas 3 essências espirituais: Sal, Enxofre e Mercúrio. Quanto a estas três essências, Martinez diz que o Enxofre e o Sal são bastante complementares e colocados sob a influência estabilizadora do Mercúrio, um papel bastante diferente do encontrado na Alquimia tradicional.

Quanto aos elementos, Martinez fala de potências ternárias, o que faz da sua doutrina uma grande especificidade. Trata-se da água, da terra e do fogo, o ar não sendo um elemento. Para Martinez, há apenas 3 elementos, assim como há apenas 3 princípios fundamentais (enxofre, sal, mercúrio) de acordo com uma lei ternária sagrada.

Os 3 elementos provêm das 3 essências espirituais, e são compostos em proporções diferentes das 3 essências espirituais, com predominância em cada.

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