Editorial CEPdoRER
Em um mundo cada vez mais visualmente orientado, a importância da imagem muitas vezes é colocada em um pedestal, especialmente quando se trata de figuras públicas. No entanto, há casos em que a qualidade de uma foto não é um reflexo preciso do talento ou sucesso de uma pessoa. Isso é particularmente verdadeiro no caso do autor de um livro tão importante para a Doutrina Retificada quanto o Tratado da Reintegração dos Seres, cujo trabalho e reconhecimento estão fundamentados em nosso rito, e não em sua aparência em uma fotografia bastante polemica.
A foto que reproduzimos em nosso portal supostamente criada por Léo Taxil (1) para ilustrar Dom Martinez de Pasqually , tinha como objetivo reforçar o estereótipo do “Mau Judeu” vigorante na época. Nariz Grande, figura supostamente assustadora, vestido como um aparente de um pirata, teria feito parte de uma propaganda antissemita e antimaçônica encomendada pelo Papa Leão XIII(2) a Leo Taxil.
A nossa sociedade moderna muitas vezes tende a julgar e avaliar as pessoas com base em sua imagem externa, especialmente quando se trata de figuras públicas. No entanto, é fundamental reconhecer que a habilidade de escrever um Tratado a mais de 250 anos e este documento se manter representativo até os dias de hoje não esteve de fato intrinsecamente ligada à foto pretensamente falsa ou estereotipada de Dom Martinez de Pasqually. A verdadeira medida de sucesso da obra reside na qualidade de seu conteúdo, na relevância da sua mensagem e na contemporaneidade do trabalho e não nas trapaças que por venturam vieram a produzir.
Quando hoje o mundo martinezista ainda utiliza a suposta foto de Taxil, isto não quer dizer que estejamos todos reforçando a suposta patifaria criada para denigrir a imagem de Dom Martinez, ao contrário, estamos utilizando a tal imagem para reforçar e constatar que apesar das tentativas de macular a sua imagem física a obra do Mestre permanece relevante e cultuada.
Uma foto ruim, criada de forma pejorativa como já afirmamos, pode ser momentaneamente decepcionante para os fãs ou para o próprio autor, mas não tem o poder de diminuir a grandeza de suas realizações literárias. Os leitores não escolhem um livro com base na aparência do autor na contracapa, mas sim com base no enredo, na narrativa e na qualidade da escrita, e no nosso caso, pela Doutrina que deve ser preservada no RER.
Em resumo, é totalmente irrelevante se a foto foi criada por Taxil para denegrir a imagem de Pasqually, é irrelevante que ela seja “fake” ou verdadeira, o importante é que o mundo Martinezista ao olhar para esta foto lembre-se de que a verdade pode doer aos ouvidos daqueles que preferem denigrir, humilhar e destruir a vida alheia, e isto para não ter de reconhecer seus próprios erros e deslizes. Definitivamente a qualidade de uma foto não define o mérito de um autor. O verdadeiro valor de sua obra reside em suas palavras e na maneira como elas ressoam em nosso coração. Uma foto ruim pode ser esquecida com o tempo, uma foto fake pode ser esquecida com o tempo, mas a história, a mensagem e a Doutrina que um autor compartilha através de seus livros têm o poder de perdurar e inspirar gerações de verdadeiros Retificados.
1- Marie Joseph Gabriel Antoine Jogand Pagès (Marselha, 21 de Março de 1854 – Sceaux, 31 de Março de 1907) também nomeado Léo Taxil, usou vários pseudônimos de Paul de Régis, Adolphe Ricoux, Samuel Paul Rosen e Dr. Bataille. Os nomes Léo Taxil e Doutor Charles Hacks, foram na verdade pseudónimos coletivos. Taxil foi um escritor e jornalista francês, conhecido por ter enganado parte das hierarquias eclesiásticas com uma falsa confissão sobre a Maçonaria. Publicou um jornal, “La Marotte”, que é proibido por violar a moral. Ele foi condenado a oito anos de prisão. Conseguiu escapar para a Suíça e regressou mais tarde, aproveitando de uma anistia. Deslocou-se para a imprensa anticlerical, e foi recebido como um maçon com a categoria de aprendiz em 1885 e voltou no ano seguinte, tornando-se um autor antimaçônico. Taxil inicialmente publicou livros anti-católicos, que pintaram a hierarquia eclesiástica como hedonista e sádica. Em 1885, confessou ter convertido ao catolicismo, e foi solenemente recebido na Igreja Católica. Ele foi um escritor francês, instigador que ao longo da última década do século, escreveu uma série de livros e panfletos que condenava a Maçonaria, nisso que ficou conhecido como o “Jogo de Taxil” na qual participaram o Papa e os bispos da França. Neste episódio, o acusou a Maçonaria de satanismo e adoração a um ídolo com a cabeça de um bode, definido como Baphomet. Ele publicou a confissão de uma certa Diana Vaughan sobre suas experiências em uma seita da maçonaria, o livro que teve algum sucesso em vendas; causou grande polêmica entre o clero católico, tanto que em 1887 Taxil foi recebido em audiência pelo Papa Leão XIII, que acreditou nele, e não no bispo de Charleston, que havia denunciado como falsas as confissões de Taxil. Diana Vaughan, entretanto nunca apareceu em público e Taxil acabou confessando em 1897 a sua fraude, o que resultou em um escândalo.
2- Leão XIII, O.F.S., em latim: Leo XIII; em italiano: Leone XIII; nascido Vincenzo Gioacchino Raffaele Luigi Pecci-Prosperi-Buzzi; (Carpineto Romano, 2 de março de 1810 – Roma, 20 de julho de 1903), foi papa de 20 de fevereiro de 1878 até a data da sua morte. Foi ordenado sacerdote da Igreja Católica em 31 de dezembro de 1837, em 18 de janeiro de 1843 foi nomeado Núncio Apostólico para a Bélgica e ordenado bispo titular de Tamiathis em 19 de fevereiro de 1843. Em 27 de julho de 1846 tomou posse como bispo da Diocese de Perúgia, Itália, e em 19 de dezembro de 1853 foi criado cardeal com o título de Cardeal-presbítero de São Crisógono. Foi eleito papa em 20 de fevereiro de 1878 e coroado em 3 de março do mesmo ano. A Doutrina Social da Igreja foi primeiramente iniciada por Leão XIII, com a sua Rerum Novarum. Em 1924 seus restos mortais foram transferidos para a Arquibasílica de São João de Latrão. Depois de Bento XVI, que morreu com 95 anos, Leão XIII é o segundo papa mais longevo da história, falecido aos 93 anos.
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