Talvez para o leitor desatento, o qualificativo do último grau do RER não faça significativa diferença entre ser Benfeitor ou Beneficente como alguns insistem em determinar, porem embora sutil, há sim diferenças significativa entre estes dois termos, vamos neste artigo explorar melhor esta diferença.
O termo Beneficente é um adjetivo que descreve uma pessoa, instituição ou ação que tem o objetivo de fazer o bem, ajudar ou beneficiar os outros, pode se referir a uma pessoa que faz obras de caridade, ajuda os necessitados ou contribui para o bem-estar da comunidade, como por exemplo: “A organização beneficente ajudou a construir uma escola para crianças carentes.”
Já Benfeitor é um substantivo que se refere a uma pessoa que faz o bem, ajuda ou beneficia os outros de forma significativa, mas se refere a uma pessoa que faz uma doação generosa, ajuda alguém em uma situação difícil ou contribui para o bem-estar de uma comunidade, como por exemplo o benfeitor da escola que doou um prédio novo para os alunos, ele é um benfeitor da comunidade, sempre ajudando os necessitados.
Resumidamente então, “beneficente” é um adjetivo que descreve uma pessoa ou ação que faz o bem, enquanto “benfeitor” é um substantivo que se refere a uma pessoa que faz o bem de forma significativa.
Para quem enxerga a Ordem Interna como uma ordem de aperfeiçoamento maçônico, o que de fato ela não é, ou como um grupo que promove a unicamente a caridade material, enxerga no RER um oceano de conhecimentos com apenas um palmo de profundidade.
Dominique Vergnolle, já adverte em seu livro do grau IV que as virtudes tão estudas neste grau, preparam para tudo e protegem de tudo, e complementa da seguinte forma: estas virtudes são inicialmente os cardeais, mas que convocam as virtudes teologais. Ele explica que é através destas últimas (as virtudes teologais: fé, a esperança e a caridade) que o homem se orienta para uma beneficência ativa e universal que vai muito além da benevolência e das obras de caridade, sem, no entanto, negligenciá-las.
Mediante o exposto, uma questão importante é colocada em discussão, porque então o Cavaleiro é Benfeitor não Beneficente? A resposta está no substantivo “ significativo”
Nós sabemos que os antigos Cavaleiros Templários nossos antecessores e fonte de nossa inspiração filosófica eram, ao mesmo tempo, guerreiros e sacerdotes porque uniam a vida militar com a devoção religiosa. Eles eram membros de uma ordem religiosa criada a princípio para proteger peregrinos cristãos na Terra Santa e defender os locais sagrados.
Como guerreiros, os Templários treinavam intensamente para o combate e participavam de batalhas, lutando em nome da fé cristã. Ao mesmo tempo, como sacerdotes, seguiam regras monásticas, faziam votos de pobreza, castidade e obediência, e viviam uma vida de oração e devoção espiritual.
Essa combinação de vida militar e religiosa fazia deles um exemplo de dedicação total à sua fé, pois lutavam com a espada enquanto buscavam a salvação espiritual. Essa dualidade simbolizava o ideal do “soldado de Cristo”, pronto para proteger a cristandade e os fiéis, tanto fisicamente quanto espiritualmente.
Jean-Baptiste Willermoz, defendeu a tese vitoriosa dos dois últimos conventos onde a Estrita Observância Templária deveria ser retificada, abrindo mão dos aspectos militares e materiais da Ordem, porém preservando dela os aspectos espirituais.
Então não seria demasiado distante afirmar que os novos Cavaleiros da Ordem Interna do RER tenham objetivos maiores que simplesmente a caridade, mas talvez uma forma de sacerdócio que somente é revelado a aqueles que conseguem ver no RER um oceano de conhecimentos com milhas de profundidade,
A Cidade Santa apresentada no qualificativo do Cavaleiro Benfeitor não se refere por obvio a cidade física, mas sim de acordo com a filosofia cristã uma representação filosófica de uma Jerusalém Celeste profundamente enraizada na ideia de redenção, perfeição Divina e realização das promessas de Deus à humanidade. Essa visão, inspirada principalmente no livro do Apocalipse (capítulo 21), apresenta esta Jerusalém como a cidade perfeita, um lugar de paz eterna, comunhão com Deus e ausência de sofrimento.
Esta Jerusalém Celeste simboliza a consumação do plano de salvação de Deus. É um lugar onde toda lágrima será enxugada e não haverá mais dor, morte ou luto (Ap 21:4). Essa visão reflete a esperança cristã de que a vida terrena é apenas um prelúdio para um estado eterno de bem-aventurança, representada pela tese da Reintegração da nossa doutrina, nesta Jerusalém Celeste, Deus habita diretamente com seu povo (Ap 21:3). Não há necessidade de templo, porque a presença de Deus e do Cordeiro (Cristo) preenche toda a cidade. Essa ideia reflete a filosofia cristã da reconciliação plena entre Deus e a humanidade.
Em essência, a Jerusalém Celeste representa a consumação da história da salvação, o triunfo do bem sobre o mal e o destino final de quem segue os ensinamentos de Cristo independente da religião cristão que o cavaleiro pratica. Ela simboliza a realização do Reino de Deus em sua plenitude, oferecendo esperança e inspiração para a caminhada cristã na Terra.
Ser um Cavaleiro Benfeitor desta Jerusalém Celeste comporta então ser um sacerdote detentor de um conhecimento que é capaz de levar o homem da torrente a se tornar um homem espirito, um cavaleiro realmente benfeitor que ultrapassa, pelo seu conhecimento, seu exemplo e sua luta não material, o plano físico, e que ele se libertou das suas correntes e não é mais, portanto escravo da matéria e têm plena consciência da alta Astralidade. Portanto O Cavaleiro da Cidade Santa é um Benfeitor porque ele responsabilidades materiais e de caridade, mas tem outras responsabilidades muito mais significativas e profundas, e talvez estas responsabilidades sejam o maior segredo da Ordem.
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