O Rito Escocês Retificado não existiria, em sua forma atual, sem a ação deste comerciante de Lyon que foi um dos Maçons de maior destaque em seu século, estamos falando de J.B. Willermoz é claro. Iniciado em 1750, Venerável Mestre em 1752, ele criou em 1760 a “Grande Loja dos Mestres Regulares” de Lyon, da qual foi seu Grão-Mestre e depois Arquivista até à Revolução Francesa.
Ávido de conhecimentos ele colecionaos altos graus, torna-se Rosa-Cruz (1765) e rejeita com horror os graus de vingança do Cavaleiro Kadosh. Em 1767, ele é recebido na Ordem dos Eleitos Cohen, criada por Martinez de Pasqually, e cujos ensinamentos terão sobre o nosso Lyonês influência capital. Em 1773, ele toma contato com a “Estrita Observância Templária” alemã, sistema de altos graus criado pelo barão de Hund, e que tinha por objetivo relançar a Ordem do Templo, extinta no séc. XIV. Esta Obediência exercia também sua autoridade sobre as Lojas azuis (simbólicas) que saíam da órbita inglesa, pela “retificação”, o que era entendido como uma simples mudança de obediência. Willermoz adotou as formas da Maçonaria templária alemã na qual introduz mudanças radicais. O seu objetivo era simples: substituir a Ordem da Estrita Observância, uma Maçonaria reformada cuja doutrina tinha por base os temas Martinezistas cujos finsreais não eram revelados senão aos corpos superiores dos Grandes Profetas (reforma de Lyon, 1778).
Assim, a organização do rito compreendia quatro graus simbólicos, os de Aprendiz, Companheiro, Mestre e Mestre Escocês. Estes graus simbólicos abrirão a porta da Ordem Interior: cavaleiro, então chamado de Cavaleiro Benfeitor da Cidade Santa, termo que substituiu o de cavaleiro templário para evitar a reação da Igreja. Enfim, entre os C.B.C.S., seriam escolhidos os Profetas e os Grandes Profetas. Os esforços de Willermoz foram recompensados pela convocação da Convenção de Wilhelmsbad (1782) que reuniu delegados franceses, suíços, alemães e italianos.
Entre as decisões finais desta Convenção, três nos interessam especialmente: rejeitar a filiação histórica com a Ordem do Templo, o óbvio afastamento dos graus operativos e, sobretudo, a missão, confiada a Willermoz, de redigir os cadernos de recepção dos graus simbólicos retificados. Em uma carta de 1810 enviada ao príncipe Charles de Hesse, Willermoz escreveu: Vossa Alteza se recorda sem dúvida que o tempo os deputados da Convenção Geral (de Wilhelmsbad) poderiam ter prolongado a duração daquela assembleia…. pois só houve a preocupação de esboçar a Reforma dos graus simbólicos e dos dois da Ordem Interior. A versão inicial dos três primeiros (…) foi impressa e distribuída aos deputados. Uma comissão especial formada por Irmãos d’Auvergne (Lyon) e da Borgonha (Strasburgo), conhecidos por seu grande saber, foi encarregada de fazer a redação definitiva. As bases do 4º grau foram também retardadas e Vossa Alteza me confia pessoalmente as Instruções e o esboço do Painel mostrando a Nova Jerusalém e a Montanha de Sion, tendo em cima o Cordeiro Triunfante.
As circunstâncias geográficas e políticas levaram Willermoz, sozinho, a redigir os graus simbólicos, cujas versões sucessivas nós conhecemos (J. Granger, 1978,1981): Os rituais “azuis”: 1778 – Apresentação, na Convenção dos Gauleses, de um ritual com várias dezenas de páginas.
1782 – Elaboração, para a Convenção de Wilhelmsbad de uma versão com o dobro do volume de folhas do apresentado em 1778. É feita a apresentação dos elementos do primeiro grau, cuja palavra de passe era “T.:”.
1785 – O último ritual no qual, por razões diversas, a palavra “Ph.:” substitui T.:.O segundo grau termina pela “rejeição dos metais”. É o texto final, praticado até hoje nas Lojas da Suíça, da França e da Bélgica. Os rituais “verdes”: 1776 – Primeira versão do “Escocês Verde”. Este ritual, assaz pequeno, não continha nenhuma alusão a Santo André nem ao último Painel.
1778 – Nova versão, sempre sem mencionar ainda Santo André nem o último Painel. A jóia não continha a representação de Santo André. Atualmente esta representação existe no verso da joia.
1809 – Elaboração final do grau. Introdução de “Santo André”, que alguns autores afirmam ter a influência da obra do barão de Tschoudy. O reverso da jóia representa Santo André crucificado.
0 comentários