e no Regime Escocês Retificado – Parte 3 conclusão
XI. A “Lei Ternária e Sagrada” ou as Três Faculdades Pensamento, Vontade, Ação
Nesta terceira e última parte, o autor propõe-se a examinar por que a natureza e a estrutura da matéria são fundamentadas em Martinez de Pasqually no ternário, ou mais precisamente nesta lei “ternária e sagrada”, como disse Jean-Baptiste Willermoz, baseada em 3 elementos e 3 princípios, pois não pode haver mais. Observemos que esta lei também é chamada de sagrada, pois é baseada em princípios Divinos.
Por outro lado, Edmond Mazet lembra as 3 faculdades ou poderes espirituais fundamentais: Pensamento, Vontade, Ação, que todos os seres espirituais possuem e especialmente Deus próprio. O Rito Escocês Retificado, portanto, faz referência regularmente a essa noção, como por exemplo o candelabro de três braços “emblema do triplo poder do Grande Arquiteto do Universo…” Triplo poder que governa o mundo e é expresso na loja pelo Venerável Mestre e os dois vigilantes.
Lembremos também aqui que, para Martinez, o Verbo Divino também é ternário, formado pelas 3 faculdades divinas: Intenção, Vontade, Palavra, que produzem um efeito espiritual. Assim, o Verbo espiritual não se produziu por si mesmo.
Então, o que dizer sobre Pensamento, Vontade, Ação em relação a Intenção, Vontade, Palavra, usados mais ou menos indiferentemente por Martinez de Pasqually?
Pensamento, Vontade, Ação, corresponde às 3 faculdades espirituais fundamentais presentes no Criador antes de sua manifestação. Intenção, Vontade, Palavra corresponde a essas mesmas 3 faculdades em sua manifestação com um objetivo ou finalidade a alcançar.
Da mesma forma, o autor diferencia Palavra de Verbo. A palavra é uma faculdade divina e não um ser, o Verbo é um ser espiritual. Ou seja, o Verbo é o espírito pelo qual e no qual se manifesta a ação divina. No tratado, como na tradição cristã, pelo próprio Cristo, o Verbo é um ser espiritual, o “Verbo do Criador”, a “ação do Eterno”.
Este esquema ilustra o pensamento de Martinez de Pasqually e Jean-Baptiste Willermoz com o número ternário de criação presente no Verbo Divino, reunindo nele as 3 faculdades espirituais fundamentais. Podemos aproximar este triângulo daquele presente no Oriente no Rito Escocês Retificado, de onde emana a luz do Verbo: “E as Trevas não o Compreenderam”, símbolo flagrante do Martinezismo no Rito Escocês Retificado e em perfeita harmonia com a tradição Cristã.
Finalmente, observarei esta nota de rodapé, que diz que a palavra hebraica “davar” tem, de fato, os dois sentidos, palavra e ato.
XII. O Simbolismo dos Números 3, 6 e 9 no Rito Escocês Retificado
Como na doutrina de Martinez de Pasqually, da qual ele faz parte, o Rito Escocês Retificado é fortemente influenciado pelos números.
3, em primeiro lugar, e como já vimos nos capítulos e artigos anteriores, é primordial, como por exemplo nas 3 faculdades divinas fundamentais. Está presente em todos os graus do Rito, mas o 3 está, no entanto, mais ligado ao primeiro grau, 6 e 9 se aproximam, respectivamente, do segundo e terceiro. Vamos ver um pouco mais:
O 3 no primeiro grau corresponde aos 3 princípios fundamentais de corporificação, as essências espirituais, mas inativas, alusão ao caos e, portanto, às trevas. Este caos remete à queda, à perturbação da harmonia Divina.
O 6 no segundo grau corresponde ao princípio da vida passageira que lhe foi acrescentado por um poder secundário, a fim de produzir uma ação temporal.
O 9, por fim, no terceiro grau, é a reunião de 3 ternários mistos e o fim das coisas temporais.
Em termos retificados, essa noção de caos se assemelha à do aprendiz e da pedra bruta, aprendiz que, apesar de todos os seus esforços, terá dificuldade em concluir o trabalho. Este trabalho é principalmente o da conscientização, mais do que o da conclusão do trabalho. Chegando ao grau de companheiro, seu trabalho não está muito avançado… No grau de companheiro, a transformação ocorre, ela é simbolizada pela pedra cúbica e a instrução sobre as ferramentas que simbolizam as ferramentas espirituais. Para Martinez, o número 6 é o da duração e especialmente o da pensamento Divino, o dos 6 atos da Criação, mas mais uma vez Martinez de Pasqually é tão vago que mergulhou os eleitos coëns na perplexidade…
Quanto ao 9, aprendemos que este é o número da inércia, da matéria. Inércia porque o número 3 multiplicado por si mesmo ao infinito só pode dar 9. Três vezes 3 batidas de martelo, repetidas pelo Venerável Mestre e os 2 vigilantes: 3×3=9, 9×3=27, 7+2=9…
Finalmente, Edmond Mazet termina fazendo referência ao Mausoléu do 3º grau do Rito Retificado, que traz uma inscrição “Ternário formado, novenário dissolvido”. Agora sabemos que o corpo material é formado pelas 3 essências espirituais (ternário formado), e quando a alma se retira (vapor inflamado que se liberta do mausoléu), ele se dissolve. Observamos que o novenário está presente no mausoléu pelos 3 grupos de 3 bolas representando os 3 elementos água, fogo, terra. Esta inscrição é complementada por uma segunda: “Abandonando o que lhe é estranho, apenas um sobe”.
Este símbolo oferece um resumo muito interessante do ensinamento de Martinez de Pasqually transmitido ao Rito Escocês Retificado por Jean-Baptiste Willermoz, no que diz respeito à matéria, incorporação e desincorporação do homem. Mais uma vez, a morte física é apenas uma etapa necessária da reintegração. Durante a vida terrestre, devemos preparar a reintegração através do trabalho iniciático apresentado no primeiro grau, praticado no segundo, sendo o processo de morte o tema do terceiro
As 81 lágrimas no Tapete 8+1=9.
Finalmente, Edmond Mazet termina fazendo referência ao Mausoléu do 3º grau do Retificado, ele traz uma inscrição “Ternário formado, dissolvido pelo novenário”. Agora sabemos, o corpo material é formado pelas 3 essências espirituais (formado pelo ternário), quando a alma se retira (vapor inflamado que se desprende do mausoléu), ele se dissolve
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