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Não viramos a mesa nos bastidores do R∴E∴R∴

A questão do Martinesismo dentro do RER surge repetidamente: herança ou encargo? Património, sem dúvida: preservar, defender, cultivar, mas sobretudo situar e compreender. Em primeiro lugar porque o R∴E∴R∴, rico em símbolos e ritualismo que não vemos noutro lugar, colocou a chave de todas estas metáforas na doutrina do Tratado da Reintegração dos Seres1 e nos textos que nele se inspiram numa meditação profunda da Reintegração, ou seja, novamente na ideia central, também expressa desde o primeiro grau, “que um fraco raio de luz é inato ao homem.” Voltemos a nos tranquilizar e proclamemos o mais alto que for necessário: não viramos o jogo nas tradições do R∴E∴R∴, e se não conseguíssemos operar, aqui ou ali, é obra de gente ignorante e irresponsável que tomou a presa pela sombra e errou o objetivo. 

A palavra “doutrina2” às vezes assusta, ou pelo menos irrita, na maioria das vezes, as duas, mas a própria palavra designa um corpus constituído e coerente de ideias e noções articuladas entre si para tentar responder a questões que consideramos essenciais, para lutar pela resolução de um eterno problema. A filosofia, durante vinte e cinco séculos, abundou em doutrinas: elas são apenas incentivos para pensar, provocações para pensar, testes para as nossas certezas comuns. O R∴E∴R∴ faz o mesmo: corre o risco da dúvida e do questionamento. Maiêutica3 maçônica por excelência. Doutrina é melhor que slogan. 

Resta a questão do cristianismo. O mais quente, ao que parece, mas na verdade o mais simples. A resposta está em uma frase: O RER é cristão! Evitemos, por favor, eufemismos4 pudicos: “semelhante a Cristo”, “de origem cristã”, etc. Os textos do Regime dizem-no claramente há mais de dois séculos, sobretudo na Ordem Interna onde floresce a cavalaria espiritual: “A Ordem é cristã” e tudo se diz… 

Mas então, tudo resta a ser feito. E neste assunto, num país como o nosso, não é uma tarefa fácil. Vivemos, apesar de nós mesmos, da nossa educação, das nossas origens familiares, das nossas crenças atuais, num universo cultural que foi “informado” pelo Catolicismo Romano. Está exposta na estrutura das cidades, na arquitetura das edificações, nas coleções dos museus nacionais e até nos recantos mais obscuros do nosso direito.É um fato.Ora, deste fato resulta outro fato:quando se trata do Cristianismo, mesmo que sejamos ateus, ou simplesmente agnósticos, ou protestantes convictos, ou o que quer que seja, pensamos espontaneamente nele à maneira do Catolicismo! Mas o R.·.E.·.R.·. (para o desespero de alguns inconformados brasileiros) não é Católico, assim como não é Evangélico, não é Espírita, não é Batista, não é Protestante, é simplesmente Cristão e congrega todas estas comunidades cristãs existentes e mais algumas, aliás todas que se dignem e declarem Cristãs no sentido  filosófico e fraternal5

Para muitos homens das nossas gerações, o cristianismo evoca assim toda uma história onde o poder, com todos os seus excessos, foi identificado durante muito tempo com uma única e mesma Igreja. Não procuramos mais. Assim, começam a fluir as fórmulas padronizadas, que dão rosto sem nos deixar pensar: clericalismo, dogma, etc. 

O R.·.E.·.R.·. é Cristão, na sua forma mais profunda e mais pura, mas o R.·.E.·.R.·. é formado, conforme seus estatutos, de Cristãos de todas as comunidades Cristãs existentes, sem excluir nenhuma. 

(1)  O “Tratado da Reintegração dos Seres” é uma obra escrita por Martines de Pasqually, um místico e teurgo francês do século XVIII. Este tratado faz parte da tradição esotérica e maçônica, sendo considerado uma obra fundamental na Ordem dos Cavaleiros Maçons Eleitos Cohen do Universo, fundada por Martines de Pasqually. Abaixo, temos um resumo geral do conteúdo do livro: Contexto Histórico e Filosófico: A obra foi escrita no século XVIII, um período marcado por intensa atividade esotérica e maçônica na Europa. Martines de Pasqually integrou elementos místicos, teúrgicos e maçônicos em seu pensamento. Teurgia e Reintegração: O tratado explora conceitos fundamentais da teurgia, a arte mística de invocar seres divinos para auxiliar na elevação espiritual. A reintegração refere-se ao processo de restaurar os seres humanos à sua condição original de união com o divino. Hierarquia Celestial e Influência dos Astros: Martines de Pasqually descreve uma complexa hierarquia celestial composta por diferentes seres angelicais. A influência dos astros e das esferas celestiais desempenha um papel central na teurgia, conectando os seres humanos aos planos divinos. O tratado está intimamente ligado à Ordem dos Cavaleiros Maçons Eleitos Cohen como já afirmamos, uma ordem maçônica criada por Martines de Pasqually. Os ensinamentos do tratado são fundamentais para os membros desta ordem, que buscam a elevação espiritual por meio da prática da teurgia. Simbolismo e Rituais: A obra envolve simbolismo profundo e rituais específicos destinados a invocar e trabalhar com entidades celestiais. O simbolismo maçônico é incorporado, refletindo a influência das tradições esotéricas da época. Unidade Divina e Reconciliação: A reintegração, conforme abordada por Martines de Pasqually, está intrinsecamente ligada à busca da unidade divina e à reconciliação do homem com sua verdadeira natureza espiritual. O tratado oferece uma visão da jornada espiritual em direção à reintegração total. É importante notar que o “Tratado da Reintegração dos Seres” é uma obra complexa e profundamente simbólica. Sua compreensão completa pode exigir familiaridade com os contextos esotéricos, maçônicos e teúrgicos, bem como uma apreciação das complexidades filosóficas e espirituais da obra.

(2)  A definição filosófica de “doutrina” pode variar dependendo do contexto e da abordagem filosófica específica. Geralmente, o termo “doutrina” está associado a um conjunto sistemático de princípios, crenças ou ensinamentos em uma determinada área do conhecimento, seja religião, ética, política, filosofia, entre outros. Vamos explorar algumas perspectivas filosóficas com relação à doutrina: Filosoficamente, a doutrina pode ser considerada como um conjunto de princípios ou preceitos que constituem uma visão de mundo ou uma abordagem específica em uma área de estudo. Em filosofia, a palavra pode ser utilizada para descrever os ensinamentos ou sistemas de pensamento de uma escola filosófica particular. Na ética e filosofia moral, a doutrina refere-se a um conjunto de princípios éticos ou morais que orientam o comportamento humano. Por exemplo, uma doutrina ética pode incluir preceitos sobre o que é certo e errado, deveres morais e virtudes. Na filosofia política, a doutrina pode ser entendida como um conjunto de princípios que formam uma teoria política particular. Pode envolver ideias sobre o governo, poder, justiça social, liberdade e outros conceitos políticos fundamentais. Em um contexto religioso, a doutrina refere-se aos ensinamentos fundamentais de uma fé específica. Pode incluir crenças sobre a natureza de Deus, a moralidade, a vida após a morte e outros elementos centrais da cosmovisão religiosa. Na filosofia da educação, a doutrina pode se referir aos princípios pedagógicos ou educacionais que orientam um sistema educacional ou uma abordagem específica ao ensino e aprendizado. Em filosofia da linguagem, a doutrina pode ser relacionada às teorias sobre a natureza da linguagem, comunicação e significado. Pode envolver questões sobre semântica, pragmática e teorias linguísticas. A doutrina é frequentemente vista como um corpo sistemático de princípios, crenças ou ensinamentos em uma área específica do conhecimento. Ela serve como uma estrutura conceitual que informa e orienta a compreensão e a prática em determinado campo, seja ética, política, religião ou outro. A Doutrina Retificada está baseada no pensamento Cristão Primitivo (não necessariamente religioso), no Tratado da Reintegração dos Seres e nos escritos de JB Willermoz e Louis Claude de Saint Martin dentre outros. 

(3) O termo “maiêutica” tem suas raízes na filosofia grega, especificamente associado ao método socrático de questionamento. A palavra vem do grego “maieutikētechne,” que pode ser traduzida como a “arte da parteira.” Essa metáfora é usada por Sócrates para descrever sua abordagem de extrair conhecimento dos outros, de maneira semelhante ao processo de uma parteira ajudando uma mulher a dar à luz. A definição do conceito de maiêutica é, portanto, contextualizada no método socrático e pode ser explicada da seguinte forma: A maiêutica envolve um método de questionamento cuidadoso e sistemático, no qual o professor (ou interlocutor) orienta seus alunos a descobrir conhecimento por meio do diálogo. Sócrates não ensinava diretamente, mas fazia perguntas que levavam os outros a revelar suas próprias ideias e entendimentos.A abordagem maiêutica visa estimular o pensamento crítico e a reflexão por meio de perguntas e respostas. Ao desafiar as suposições e incentivar a análise cuidadosa, Sócrates buscava levar as pessoas a um entendimento mais profundo das questões discutidas. A metáfora da parteira destaca o papel do filósofo (ou professor) como aquele que facilita o nascimento do conhecimento nos outros. Assim como uma parteira não dá à luz, mas ajuda na chegada do bebê, Sócrates não fornecia respostas diretas, mas ajudava os outros a dar à luz suas próprias idéias. Sócrates frequentemente usava a ironia para destacar a falta de conhecimento aparente nas respostas dos outros. Ao adotar uma postura humilde e expressar ignorância, ele encorajava os interlocutores a questionarem e aprofundarem suas próprias convicções. A maiêutica é frequentemente associada ao método dialético, em que há um diálogo interativo entre o professor e os alunos. As perguntas e respostas formam um processo contínuo de investigação e descoberta. A maiêutica de Sócrates teve um impacto significativo na filosofia ocidental e continua a influenciar o pensamento educacional e o método de questionamento em diversas disciplinas. A abordagem destaca a importância do diálogo, da reflexão crítica e da descoberta ativa no processo de aprendizado. O R.·.E.·.R.·. utiliza este método especialmente nos catecismos de grau. 

(4) O eufemismo é uma figura de linguagem que consiste no uso de expressões mais suaves, delicadas ou atenuadas para se referir a algo desagradável, tabu, ofensivo ou que possa causar desconforto. Em vez de utilizar termos diretos ou francos, o eufemismo é empregado para suavizar a comunicação e torná-la mais palatável. O uso de “falecimento” em vez de “morte” é um exemplo comum de eufemismo, especialmente em contextos mais formais ou sensíveis. A expressão “ele não está mais entre nós” é um eufemismo para se referir a alguém que faleceu. Em tempos de seca, pode-se utilizar a expressão “economias de água” em vez de mencionar diretamente as “restrições de água.”O termo “demitir” é muitas vezes utilizado como um eufemismo para “despedir” alguém do trabalho. A expressão “enfrentar desafios” é um eufemismo para lidar com problemas ou dificuldades. Quando se fala sobre animais de estimação, algumas pessoas preferem dizer que o animal “adormeceu” em vez de dizer que morreu. O termo “condição especial” é utilizado como um eufemismo para se referir a uma deficiência. O eufemismo é uma estratégia linguística comum em várias situações para evitar a crueza de certas palavras ou expressões. Ele é utilizado para ser respeitoso, delicado ou para suavizar mensagens que podem ser consideradas sensíveis. 

(5) O sentido cristão de um pensamento filosófico e fraternal está alinhado com os princípios fundamentais do cristianismo que incluem amor, compaixão, fraternidade e busca pelo entendimento mais profundo da existência e do significado da vida. Aqui estão alguns elementos-chave que destacam o sentido cristão nesse contexto: Vamos começar pelo Amor e Caridade: No contexto cristão, a filosofia e a fraternidade são permeadas pelo princípio do amor ágape, que é um amor incondicional e sacrificial. O pensamento filosófico, quando alinhado com a fé cristã, busca compreender o mundo à luz desse amor, e a fraternidade se expressa através da caridade e da compaixão para com os outros que no R.·.E.·.R.·. chamamos de Benemerência, e é uma pratica obrigatória e fundamental. O pensamento filosófico cristão retificado procura a verdade, que, segundo a perspectiva cristã, é encontrada no Criador. A filosofia cristã retificada busca compreender a natureza de Deus, a existência humana, o propósito da vida e outras questões fundamentais à luz da revelação divina e da razão.Uma abordagem filosófica e fraternal cristã implica uma ética baseada nos ensinamentos de Jesus, que incluem o amor ao próximo, a justiça, a honestidade e a caridade, A fraternidade cristã retificada se manifesta na busca do bem comum e no cuidado pelos menos favorecidos. O pensamento filosófico cristão muitas vezes envolve um diálogo interdisciplinar entre a fé cristã e diversas áreas da filosofia, ciência, ética e outras disciplinas. Essa abordagem busca integrar a fé com a razão, reconhecendo a complementaridade entre a revelação divina e a reflexão humana. A fraternidade cristã, inspirada no ensinamento de Cristo sobre amar o próximo como a si mesmo, promove o respeito entre seus membros entre os dirigentes e entre todos. O pensamento filosófico e fraternal cristão retificado valoriza a busca pela virtude como parte do crescimento espiritual. As virtudes cristãs, como a humildade, a paciência, a bondade e a compaixão, são fundamentais para o desenvolvimento do maçom retificado. Em resumo, o sentido cristão de um pensamento filosófico e fraternal está enraizado nos princípios cristãos de amor, verdade, ética e busca pela compreensão mais profunda da existência. A fraternidade cristã retificada se estende além das fronteiras religiosas, abraçando também o respeito à hierarquia, aos membros dos graus superiores e absolutamente a Benemerência como pratica essencial. 

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