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A Busca da Verdade na Maçonaria

“A verdade difere da opinião, que responde à necessidade de encontrar uma resposta mais ou menos perfeita para uma pergunta. Acessar a verdade é compreender as leis do nosso mundo, as leis naturais transcendentes1, físicas e morais.”. 

(Nota do Tradutor: “distinguir entre o bem e o mal” está em perfeita harmonia, no rito escocês retificado, com a viagem do maçom dentro deste rito, e a prática das virtudes, mas também com a doutrina do RER. Distinguir entre o bem e o mal nos traz de volta à dualidade. O texto propõe, sem nomeá-la, a terceira via, ou seja, o ternário. A verdade na Maçonaria estaria, portanto, efetivamente no número três. Ao encontrar a terceira via das respostas às questões relativas às delicadas dualidades que se colocam ao final deste artigo, o texto nos remete, sem dizê-lo, à dialética.) 

Como abordá-la? Qual é a verdade, por que e como buscá-la?

“Tudo o que sei é que não sei de nada.2” Sócrates 

“Muitos maçons se reconhecem nessa citação. Essa ideia, aparentemente desanimadora, nos é sugerida muito cedo em nossa jornada. A dúvida e o ceticismo estão entre as principais características do iniciado. O maçom sabe que não sabe nada, na melhor das hipóteses, nada definitivo, porque a verdade às vezes parece próxima de nós, mas sempre se revela elusiva, e devemos sempre estar atentos às aparências enganosas. A verdade é, para o ser humano, o ajuste de sua fala à realidade. 

A verdade difere da opinião, que responde à necessidade de encontrar uma resposta mais ou menos perfeita a uma pergunta. Acessar a verdade é compreender as leis do nosso mundo, as leis naturais transcendentes, físicas e morais. É, de certa forma, distinguir entre o bem e o mal. O Bem pode ser visto como o que é belo, grande e bom, isto é, agradável, harmonioso, ordenado ou mais precisamente auto ordenado, quero dizer livre e responsável, autônomo e unido. O Bem traz apaziguamento e alegria. É a vida, a fonte, a luz, a Justiça. 

O mal pode ser visto como aquilo que é desorganizado, desarmônico, descentralizado, incompleto, não livre, irresponsável ou submisso. O mal estabelece diferenças entre os seres humanos e os seres vivos em geral, o que leva ao ódio, à infelicidade e ao sofrimento. O mal é sinônimo de escuridão. 

Mas aqui o primeiro erro consistiria em opor o Bem e o Mal, porque cairíamos no impasse do relativismo e do dualismo. De fato, o Bem universal não combate o mal. Pelo contrário, acolhe- o, engloba-o e abraça-o: é o Amor universal e incondicional que dissolve o ódio.

Mas, mesmo que saibamos definir o Bem e o Mal, somos constantemente confrontados com dilemas ou dúvidas: estou fazendo a coisa certa? Eu poderia ter evitado machucar? Por que não percebi o que fiz? Qual é o comportamento correto a adotar? Eu deveria ter agido mais tarde… mais cedo… mais forte? Serei perdoado? Quando a desigualdade se torna liberdade? Quando a igualdade se torna servidão? Existem momentos ou circunstâncias em que a recusa da violência é pior do que a própria violência? Podemos usar o mal para alcançar o bem? 

O mal, em suas diversas manifestações, sempre esteve presente na história da humanidade. Uma de suas formas mais sutis e, ao mesmo tempo mais destrutivas, é a calúnia, um ato que lança sombras sobre a integridade e a reputação de outrem. A interconexão entre o mal e a calúnia revela-se não apenas na ação em si, mas também nos danos profundos que pode causar tanto às vítimas quanto àqueles que perpetram tais atos. 

A calúnia, muitas vezes, emerge de intenções maliciosas e é alimentada por sentimentos como inveja, ressentimento ou desejo de descreditar alguém. Quando palavras infundadas são proferidas com a intenção de prejudicar a imagem de uma pessoa, o mal encontra uma via de expressão insidiosa. Este ato não apenas fere a reputação da vítima, mas cria uma ferida emocional que pode perdurar por muito tempo. 

O mal, por sua vez, pode ser entendido como a presença ou a propagação do sofrimento moral. A calúnia, ao espalhar informações falsas ou distorcidas, contribui para a disseminação do mal no âmbito social. Quando a confiança é abalada e as relações são prejudicadas, a coesão da comunidade é comprometida, abrindo caminho para uma cultura de desconfiança e hostilidade.

É importante notar que as palavras têm um poder intrínseco. Elas podem construir ou destruir, curar ou ferir. A calúnia, ao utilizar a linguagem como arma, revela a capacidade humana de infligir dor através de expressões verbais. As consequências desse ato vão além do indivíduo caluniado, alcançando a sociedade como um todo. 

No entanto, confrontar o mal e a calúnia exige mais do que simplesmente resistir à tentação de difamar. Requer um compromisso com a verdade, a justiça e a empatia. A educação moral e ética desempenha um papel crucial na prevenção desses males, promovendo a compreensão mútua, a tolerância e o respeito. 

Em última análise, a reflexão sobre o mal e a calúnia instiga a uma profunda autorreflexão sobre as palavras que escolhemos usar. Ao reconhecer a responsabilidade inerente ao poder das palavras, podemos contribuir para a construção de uma sociedade mais compassiva, ética e resiliente, onde o mal e a calúnia encontram resistência na força da verdade e da bondade. 

Fazer comentários negativos ou infundados sobre um Bem Amado Irmão de Ordem, sobre o corpo diretivo presente ou passado é sem dúvida e em última análise um ato covarde e desonroso da parte de quem utiliza de tão baixo artifício.


(1) A expressão “leis naturais transcendentes” pode se referir a ideias associadas a sistemas filosóficos, teológicos ou metafísicos que postulam a existência de princípios ou leis que transcendem a ordem natural observável e que têm uma natureza mais elevada ou espiritual. Essa concepção muitas vezes está relacionada a uma visão de uma ordem cósmica superior, divina ou espiritual que influencia ou governa o universo. Aqui estão algumas interpretações possíveis desse conceito:

  1. Leis Divinas ou Espirituais: Em uma perspectiva teológica, as leis naturais transcendentes podem ser consideradas como leis estabelecidas por uma entidade divina ou por forças espirituais. Essas leis não são meramente produtos da natureza, mas emanam de uma fonte superior que está além do reino material.
  2. Ordem Cósmica ou Metafísica: Alguns sistemas filosóficos e metafísicos sugerem a existência de uma ordem cósmica ou metafísica que transcende a realidade observável. Essa ordem pode ser concebida como um conjunto de princípios universais que guiam o funcionamento do cosmos, indo além das leis físicas que podemos identificar empiricamente.
  3. Leis Morais Universais: A noção de leis naturais transcendentes também pode estar relacionada a princípios éticos ou morais que são considerados inerentes à natureza humana ou ao universo. Essas leis morais podem ser vistas como derivadas de uma fonte transcendente, como uma ordem divina que governa o comportamento ético.
  4. Leis da Consciência ou da Razão: Alguns sistemas filosóficos argumentam que existem leis transcendentes associadas à consciência ou à razão, que vão além das leis naturais físicas. Essas leis podem ser consideradas como princípios orientadores para o pensamento ético e moral, fundamentados em aspectos mais elevados da mente humana.
  5. Leis Metafísicas da Realidade: A ideia de leis naturais transcendentes pode incluir princípiosmetafísicos que governam a natureza da realidade. Essas leis poderiam abranger aspectosontológicos e epistemológicos que transcendem as leis físicas observáveis.
  6. Conceitos Esotéricos ou Místicos:Em tradições esotéricas ou místicas, as leis naturais transcendentes podem ser vistas como princípios secretos ou ocultos que explicam os aspectos mais profundos da existência. Essas tradições muitas vezes argumentam que há uma sabedoria oculta quetranscende a compreensão ordinária.

(2) A frase “Tudo o que sei é que nada sei” é atribuída ao filósofo grego Sócrates. Essa expressão resume a essência da abordagem filosófica conhecida como ironia socrática. Anotamos a seguir alguns pontos-chave associados a essa frase:Ironia Socrática:

  1. A ironia socrática é uma técnica retórica utilizada por Sócrates em seus diálogos. Em vez de afirmar saber tudo, Sócrates adotava uma postura humilde, reconhecendo suas limitações e incentivando a busca pelo conhecimento por meio do diálogo e da investigação.
  2. Consciência da Ignorância: A frase expressa a ideia de que a verdadeira sabedoria está em reconhecer a própria ignorância. Sócrates argumentava que aqueles que pensavam saber tudo estavam, na realidade, menos propensos a buscar conhecimento genuíno, pois acreditavam já possuir todas as respostas.
  3. Método Socrático: Sócrates não ensinava doutrinas fixas, mas empregava o método socrático, envolvendo perguntas e respostas, para levar os outros a refletirem criticamente sobre suas próprias crenças e conhecimentos. Ele buscava provocar a auto-reflexão e o questionamento.
  4. Humildade Intelectual: A frase também destaca a humildade intelectual como uma virtude. Admitir a própria ignorância é o primeiro passo para a busca do conhecimento. A abertura para aprender e reconhecer a complexidade do mundo é central na filosofia socrática.
  5. Incentivo à Busca Constante: A expressão “nada sei” não implica uma resignação à ignorância, mas sim um estímulo para uma busca constante por entendimento. Ao admitir a falta de conhecimento absoluto, Sócrates incentivava o diálogo e a exploração contínua das questões fundamentais da vida.
  6. Inspiração para o Ceticismo Filosófico: A ideia de que a verdadeira sabedoria está na consciência da própria ignorância influenciou várias correntes filosóficas, incluindo o ceticismo, que questiona a certeza absoluta em relação ao conhecimento. Essa frase de Sócrates reflete uma abordagem filosófica que valoriza a humildade, o questionamento e a busca incessante pelo conhecimento. Ela continua a ressoar como uma lembrança da importância de permanecer aberto ao aprendizado e ao diálogo crítico, que deve ser observado pelo Maçom Retificado.

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