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Diálogo Entre os Cristãos Primitivos e Martinez de Pasqually

Os cristãos primitivos1 e Martinez de Pasqually, embora separados por séculos, compartilham nuances em seus pensamentos que revelam similaridades e diferenças fascinantes. Ao examinarmos suas abordagens filosóficas e místicas, podemos identificar pontos de convergência e divergência que enriquecem nossa compreensão da espiritualidade ao longo da história. 

Visão Cristã Primitiva: 

Os cristãos primitivos, nos primeiros séculos após a era apostólica, desenvolveram uma teologia rica, centrada na figura de Jesus Cristo e na interpretação das Escrituras Sagradas. A comunidade primitiva buscava viver de acordo com os ensinamentos de Jesus, enfatizando a fé, o amor ao próximo e a esperança na vida eterna. Sua espiritualidade era profundamente enraizada na adoração a Deus e na busca por uma vida de virtude. 

A Mística de Martinez de Pasqually: 

Martinez de Pasqually, por sua vez, foi um místico do século XVIII e o fundador da Ordem dos Cavaleiros Maçons Eleitos Coëns do Universo escritor do Tratado da Reintegração dos seres2 que influenciou profundamente o Rito Escocês Retificado. Sua abordagem mística incorporava elementos cristãos, judaicos e herméticos. Pasqually acreditava na existência de hierarquias angelicais e propunha rituais complexos (teurgia) para a invocação dessas entidades divinas. Sua visão mística era única, buscando a comunhão direta com Deus através da prática ritualística e da elevação espiritual. 

Convergências nas Idéias de Perfeição: 

Ambos os grupos compartilham a busca pela perfeição espiritual. Os cristãos primitivos aspiravam à imitação de Cristo, buscando a santidade e a virtude como expressão de sua devoção. Martinez de Pasqually, por sua vez, acreditava na ascensão espiritual e na aproximação de Deus por meio de rituais maçônicos específicos. Essa convergência revela uma aspiração comum em direção à transcendência e à comunhão com o Divino. 

Divergências na Abordagem Mística: 

Enquanto os cristãos primitivos focavam na simplicidade da fé e na adoração comunitária, Martinez de Pasqually introduziu rituais elaborados e uma hierarquia mística na busca pela elevação espiritual. Essa diferença ressalta as diversas abordagens dentro do cristianismo, desde a simplicidade primitiva até as complexas práticas místicas propostas pelo fundador da Ordem dos Coëns. 

A Influência do Misticismo na História Cristã: 

A influência do misticismo de Martinez de Pasqually na história cristã é evidente em correntes esotéricas e místicas que surgiram posteriormente. Sua busca por uma experiência direta com o divino deixou um legado que ecoa em tradições esotéricas, evidenciando como o pensamento de uma época pode transcender suas fronteiras temporais. 

Ao compararmos os cristãos primitivos e Martinez de Pasqually, somos levados a refletir sobre a diversidade de abordagens espirituais dentro do cristianismo. Enquanto os primeiros buscavam a simplicidade da fé e a imitação de Cristo, o segundo introduziu elementos místicos complexos em sua busca pela elevação espiritual. Essa análise destaca a riqueza e a complexidade do pensamento religioso cristão ao longo da história, demonstrando como diferentes perspectivas podem contribuir para a compreensão da busca humana pela Divindade. 

(1) Os primeiros séculos do Cristianismo foram marcados por uma rica diversidade de pensamento teológico e doutrinário. Vários teólogos cristãos primitivos desempenharam papéis fundamentais no desenvolvimento e na articulação da fé cristã. Aqui estão alguns dos principais teólogos cristãos primitivos, com destaque para suas contribuições: São Paulo (Paulo de Tarso) (5 DC–67DC): Embora não tenha sido um dos apóstolos originais, Paulo desempenhou um papel significativo na expansão do Cristianismo. Suas epístolas no Novo Testamento, como as Cartas aos Romanos e aos Coríntios, fornecem reflexões teológicas profundas sobre questões como a justificação pela fé e a natureza da Igreja. Santo Inácio de Antioquia (35 DC– 107 DC): Inácio foi um dos primeiros líderes cristãos após os apóstolos. Ele enfatizou a importância da unidade da Igreja e defendeu a autoridade dos bispos. Suas sete cartas, escritas enquanto estava a caminho do martírio, oferecem insights sobre a vida e a teologia cristã primitiva. Santo Agostinho de Hipona (354 DC–430 DC): Agostinho é uma figura crucial na história da teologia cristã. Suas obras, como “Confissões” e “A Cidade de Deus”, influenciaram significativamente o pensamento cristão. Ele abordou questões como o pecado original, a graça divina, o livre-arbítrio e a natureza da Igreja. Orígenes (184 DC–253 DC): Orígenes que influenciou Martinez e Pasqually e consequentemente o RER foi um teólogo e erudito cristão em Alexandria. Ele contribuiu significativamente para a exegese bíblica e desenvolveu ideias como a alegoria nas Escrituras. Suas obras influenciaram o pensamento teológico e espiritual por séculos, apesar de algumas de suas ideias terem sido objeto de controvérsia. Santo Ireneu de Lyon (130 DC–202 DC): Ireneu foi um líder cristão em Lyon e combateu heresias, especialmente o gnosticismo. Sua obra “Contra as Heresias” é uma defesa da ortodoxia cristã e uma afirmação da continuidade entre o Antigo e o Novo Testamento. São Justino Mártir (100 DC–165 DC): Justino foi um apologista cristão e filósofo. Suas “Apologias” defendem o Cristianismo contra acusações de imoralidade e idolatria. Ele também explorou a relação entre a fé cristã e a filosofia grega. Tertuliano (155 DC–240 DC): Tertuliano foi um prolífico autor e defensor do Cristianismo. Ele é conhecido por suas contribuições ao pensamento teológico latino. Sua obra “Contra Marcion” e “A Prescrição Contra os Hereges” são notáveis em suas críticas a movimentos heréticos. Estes são apenas alguns dos muitos teólogos cristãos primitivos que moldaram o desenvolvimento do pensamento cristão nos primeiros séculos da era cristã. Suas obras e escritos continuam a ser estudados e valorizados na tradição teológica cristã. 

(2)O “Tratado da Reintegração dos Seres” é uma obra escrita por Martines de Pasqually, um místico e teurgo francês do século XVIII. Este tratado faz parte da tradição esotérica e maçônica, sendo considerado uma obra fundamental na Ordem dos Cavaleiros Maçons Eleitos Cohen do Universo, fundada por Martines de Pasqually. Abaixo, temos um resumo geral do conteúdo do livro: Contexto Histórico e Filosófico: A obra foi escrita no século XVIII, um período marcado por intensa atividade esotérica e maçônica na Europa. Martines de Pasqually integrou elementos místicos, teúrgicos e maçônicos em seu pensamento. Teurgia e Reintegração: O tratado explora conceitos fundamentais da teurgia, a arte mística de invocar seres divinos para auxiliar na elevação espiritual. A reintegração refere-se ao processo de restaurar os seres humanos à sua condição original de união com o divino. Hierarquia Celestial e Influência dos Astros: Martines de Pasqually descreve uma complexa hierarquia celestial composta por diferentes seres angelicais. A influência dos astros e das esferas celestiais desempenha um papel central na teurgia, conectando os seres humanos aos planos divinos. O tratado está intimamente ligado à Ordem dos Cavaleiros Maçons Eleitos Cohen como já afirmamos, uma ordem maçônica criada por Martines de Pasqually. Os ensinamentos do tratado são fundamentais para os membros desta ordem, que buscam a elevação espiritual por meio da prática da teurgia. Simbolismo e Rituais: A obra envolve simbolismo profundo e rituais específicos destinados a invocar e trabalhar com entidades celestiais. O simbolismo maçônico é incorporado, refletindo a influência das tradições esotéricas na época. Unidade Divina e Reconciliação: A reintegração, conforme abordada por Martines de Pasqually, está intrinsecamente ligada à busca da unidade divina e à reconciliação do homem com sua verdadeira natureza espiritual. O tratado oferece uma visão da jornada espiritual em direção à reintegração total. É importante notar que o “Tratado da Reintegração dos Seres” é uma obra complexa e profundamente simbólica. Sua compreensão completa pode exigir familiaridade com os contextos esotéricos, maçônicos e teúrgicos, bem como uma apreciação das complexidades filosóficas e espirituais da obra 

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